13 de abr. de 2011

NOSSO PATRONO DR. ARRAES




MIGUEL ARRAES (16)
Foto: 5/10/1963.
Miguel Arraes de Alencar
(Araripe, 15 de dezembro de 1916 — Recife, 13 de agosto de 2005)
foi um advogado, economista e político brasileiro.
Popularmente conhecido como Seu Arraia, Pai Arraia ou Doutor Arraia, Miguel Arraes foi uma personalidade de destaque no cenário nacional, membro-fundador e líder do Partido Socialista Brasileiro. Nasceu no interior do Ceará, sétimo filho de Maria Benigna Arraes de Alencar e José Almino de Alencar e Silva, pequenos agricultores do sertão nordestino.
Foi prefeito de Recife, deputado estadual, deputado federal e por três vezes governador do estado de Pernambuco.
Juventude
Durante a juventude Arraes mudou-se para Crato, com o objetivo de concluir o ginásio (ensino fundamental). Nesses anos, um fato marcou muito a sua personalidade: flagrou um curral com três flagelados presos simplesmente por tentarem fugir da seca para Fortaleza. A respeito, afirmou: "É uma lembrança que guardo para sempre. Era um horror difícil de compreender e marcou meu jeito de ver as coisas".
Em 1934, aos dezessete anos, foi aprovado no vestibular da Faculdade de Direito da Universidade do Brasil (atual UFRJ). Simultaneamente, também foi aprovado no concurso público de Escriturário do Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA), sendo lotado em Recife. Após a posse no cargo, conseguiu a transferência para a Faculdade de Direito do Recife (incorporada posteriormente à UFPE). Formou-se em 1937. No ano seguinte, foi promovido a Assistente do Diretor de Fiscalização, cargo no qual permaneceu até 1941, quando passou a ser Chefe de Secretaria. Em 1943 ascendeu a Delegado Regional, ocupação que deixou em 1947[1], ao assumir a Secretaria de Fazenda do Estado de Pernambuco, por indicação de Barbosa Lima Sobrinho, que havia sido eleito governador do Estado naquele ano e com quem havia trabalhado no IAA.
Carreira política antes do golpe de 1964
Elegeu-se governador em 1962, com 47,98% dos votos, pelo Partido Social Trabalhista (PST), apoiado pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB) e setores do Partido Social Democrático (PSD). Seu governo foi considerado de esquerda, pois forçou usineiros e donos de engenho da Zona da Mata do Estado a estenderem o pagamento do salário mínimo aos trabalhadores rurais (o Acordo do campo) e deu forte apoio à criação de sindicatos, associações comunitárias e às ligas camponesas.
Com o golpe militar de 1964, tropas do IV Exército cercaram o Palácio das Princesas (sede do governo estadual). Foi-lhe proposto que renunciasse ao cargo para evitar a prisão, o que prontamente recusou para, em suas palavras, "não
trair a vontade dos que o elegeram". Em consequência, foi preso na tarde do dia 1º de abril.
Deposto, foi encarcerado em uma pequena cela do 14º Regimento de Infantaria do Recife, sendo posteriormente levado para a ilha de Fernando de Noronha, onde permaneceu por onze meses. Posteriormente, foi encaminhado para as prisões da Companhia da Guarda e do Corpo de Bombeiros, no Recife, e da Fortaleza de Santa Cruz, no Rio de Janeiro.
Deposto, foi encarcerado em uma pequena cela do 14º Regimento de Infantaria do Recife, sendo posteriormente levado para a ilha de Fernando de Noronha, onde permaneceu por onze meses. Posteriormente, foi encaminhado para as prisões da Companhia da Guarda e do Corpo de Bombeiros, no Recife, e da Fortaleza de Santa Cruz, no Rio de Janeiro.
Seu pedido de habeas corpus (HC) no Supremo Tribunal Federal foi protocolado em 19 de abril, sob o número 42.108. Foi concedido, por unanimidade, fundamentado em questões processuais (foro privativo de governadores e necessidade de autorização da Assembléia Legislativa). A exceção foi o voto do Ministro Luiz Galloti, que concedeu o HC em função do flagrante excesso de prazo da prisão. O então Procurador-Geral da República, Oswaldo Trigueiro, opinou pela manutenção de sua prisão. Libertado em 25 de maio de 1965, exilou-se na Argélia.
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O exílio
Concedido o habeas corpus, Arraes foi orientado por seu advogado, Sobral Pinto, a exilar-se, sob pena de voltar a ser preso pela ditadura. Arraes não deixou claro o motivo pelo qual escolheu a Argélia como destino. Pode ter sido em função de uma recusa da França em conceder-lhe o asilo, pois já havia recebido um grande número de brasileiros, ou mesmo uma escolha proposital, posto que a Argélia tinha problemas sociais parecidos com os do Brasil.
Durante o exílio, foi condenado à revelia, no dia 2 de março de 1967, pelo Conselho Pernambucano de Justiça da 7ª Região Militar. A pena, de 23 anos de prisão, foi pelo crime de "subversão".
Carreira política após a anistia
Em 1979, com a anistia, volta ao Brasil e à política. Cerca de 50 mil pessoas estiveram presentes no bairro de Santo Amaro para o comício de boas vindas. À época, quando se discutia a possível criação de um partido dos trabalhadores, Arraes mostrava-se cético pois temia que os setores organizados dos trabalhadores ficassem dissociados da grande massa de marginalizados.
Elegeu-se deputado federal em 1982, pelo PMDB. Em 1986 vence as eleições para governador de Pernambuco, ainda pelo PMDB, e retorna ao Palácio das Princesas. Seu governo foi caracterizado por programas voltados ao pequeno agricultor, como o Vaca na corda, que financiava a compra de uma vaca e o Chapéu de palha, que empregava canavieiros, no período de entressafra, na construção de pequenas obras públicas. Outro ponto central foi a eletrificação rural.
Em 1990, filia-se ao Partido Socialista Brasileiro (PSB). É eleito mais uma vez governador em 1994. Seu último governo é marcado pela grave crise financeira
do estado e pela greve das polícias civil e militar. A emissão de títulos da dívida pública destinados ao pagamento de precatórios torna-se um escândalo e deteriora sua imagem popular. Perde a reeleição em 1998.
Em 2002, vence sua última eleição, elegendo-se deputado federal.
Internação
Arraes foi internado no dia 17 de junho de 2005, com uma suspeita de dengue. Sua saúde piorou no dia 19, quando, vitimado por uma arritmia e a consequente queda de pressão, foi entubado e passou a respirar por aparelhos. Foram-lhe implantados um marcapasso e um catéter de Swan-Ganz. Também foi detectada uma infecção pulmonar.
Teve uma ligeira melhora nos dias seguintes e no dia 23 os médicos retiraram o marcapasso e o catéter. Foi submetido a hemodiálises nos dias seguintes e no dia 2 de julho todos os aparelhos foram retirados. Arraes conversava com parentes e amigos e assistia à TV. Nos dias seguintes, foi diagnosticada uma pneumonia. No dia 20, recebeu a visita do presidente Lula.
Em 29 de julho, uma artéria do pulmão esquerdeu rompeu-se, provocando uma hemorragia e ocasionando uma cirurgia de emergência. Apesar da sobrevida, os rins e o fígado apresentaram falhas e novamente precisou ser submetido a sessões de hemodiálise, diariamente.
Ainda assim, deu sinais de recuperação, mantendo a consciência. No dia 12 de agosto, foi anunciado que deixaria a unidade de tratamento intensivo. Porém, durante a madrugada, piorou e o quadro era o de uma infecção generalizada. No fim da manhã, faleceu depois de 59 dias de internação na UTI do Hospital da Esperança, em Recife. A causa mortis foi um choque séptico causado por infecção respiratória, agravada por insuficiência renal.
Família
Arraes teve oito filhos com sua primeira esposa, Célia de Sousa Leão. Viúvo em 1961, casou-se novamente, desta vez com Madalena Fiúza, com quem teve mais dois filhos. Ao falecer, sua família estava composta, além dos dez filhos, por dezesseis netos e seis bisnetos. Tornaram-se notórios o seu filho, Guel Arraes (diretor de TV e cinema), e o seu neto Eduardo Campos (político, atualmente deputado federal).
Breve cronologia
• 1916 – Miguel Arraes de Alencar nasce em Araripe, no Ceará.
• 1932 – Conclui o curso secundário em Araripe. Muda-se para o Rio de Janeiro para estudar direito.
• 1937 – Gradua-se em direito pela Universidade Federal de Pernambuco, Recife.
• 1947 – É designado para a Secretaria da Fazenda de Pernambuco.
• 1950 a 1954 – Deputado estadual pelo Partido Social Democrático (PSD), em Pernambuco.
• 1954 a 1958 – Deputado estadual pelo Partido Social Democrático (PSD), em Pernambuco.
• 1959 – Assume novamente a Secretaria da Fazenda.
• 1959 a 1962 – Prefeito de Recife, Pernambuco, pelo PSD.
• 1963 a 1964 – Governador do Pernambuco, pelo PST, com apoio do PCB.
• 1964 – Cassado pelo Governo Militar, exílio na Argélia.
• 1979 – Retorno ao Brasil.
• 1983 a 1987 – Deputado federal, pelo PMDB.
• 1987 a 1990 – Governador do Pernambuco, pelo PMDB
• 1990 – Ingressa no PSB.
• 1991 a 1995 – Deputado federal (Congresso Revisor), pelo PSB
(Renunciou ao mandato para assumir o Governo de Pernambuco)
• 1995 a 1998 – Governador do Pernambuco, pelo PSB
• 2003 a 2005 – Deputado federal, pelo PSB.
• 2005 - Falece no dia 13 de agosto.
Bibliografia
• ARRAES, Miguel. A democracia e a questão nordestina. Recife: Editora ASA, 1985. 76 p.
• ARRAES, Miguel. A nova face da ditadura brasileira. Lisboa: Seara Nova, 1974. 142 p.
• ARRAES, Miguel. A questão nacional e a crise. Brasília : Câmara dos Deputados, 1993.
• ARRAES, Miguel. A questão nacional e os problemas do nordeste. Brasília : Câmara dos Deputados, 1984. 8 p.
• ARRAES, Miguel. Brazil:the people and the power (trad. do francês por Lancelot Sheppard, de Brésil, le pouvoir et le people). Harmondsworth: Penguin, 1972. 232 p.

• ARRAES, Miguel. Conversações com Arraes. (Entrevistadores: Cristina Tavares e Fernando Mendonça). Belo Horizonte : Vega, 1979. 131 p.
• ARRAES, Miguel. Le Brésil: Le peuple et le pouvoir. François Maspéro, 1970. 259 pp
• ARRAES, Miguel. O jogo do poder no Brasil. São Paulo: Alfa-Ômega, 1981.
• ARRAES, Miguel. O jogo do poder no Brasil. 2. ed. rev. São Paulo: Alfa-Ômega, 1982.
• ARRAES, Miguel. Palavra de Arraes. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1965.
• ARRAES, Miguel. Palavra de Arraes. Textos de Miguel Affaes; depoimentos de Antônio Callado et al. Carta de François Mauriac. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 1965. 165 p.
• ARRAES, Miguel. Pensamento e ação política. (apresentação de Antônio Callado; organização de Jair Pereira et al. Rio de Janeiro: Topbooks, c1997. 514 p.
• LIMA, Haroldo. Privatização da CHESF e transposição do rio São Francisco. (com artigos de Miguel Arraes, Josaphat Marinho e Luiz Flávio Cappio). Brasília: Câmara dos deputados, 2000.
• MORAES, Eldenor. Arraes : o mito pelo avesso. Recife : Editora Comunicarte, 1994.142 p.
• TCHAKHOTINE, Serge. A mistificação das massas pela propaganda política. Trad. Miguel Arraes. Rio de Janeiro: Civilização brasileira, 1967. 609 p.
• ZAMORA, Pedro (Jocelyn Brasil). Arraes, um ano de governo popular. Rio de Janeiro: Edições Opção, 1980. 107 p.
Referências
1. Dados do Deputado (camara.gov.br)
Fonte: Wikipedia

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