21 de out. de 2010

Lula pretende pressionar por reforma política






Recentemente, numa conversa com um de seus ministros mais próximos, o presidente Lula disse não saber ainda exatamente o que fará depois que passar seu cargo para seu sucessor. Mas uma das tarefas à qual o presidente mais se inclina a realizar a partir do ano que vem é a de se tornar uma espécie de arauto da reforma política. Na presidência, avalia Lula, as exigências do cargo, com as negociações com os vários grupos políticos, o impediam de se posicionar mais firmemente sobre as mudanças que julga necessárias no atual sistema político. A partir do ano que vem, liberado das responsabilidades do poder, mas conservando a popularidade e a liderança sobre o PT e os demais partidos parceiros, Lula acredita que poderá pressionar mais livremente os políticos e aprovar a reforma política. Pelo menos alguns pontos dela, como a adoção de lista fechada nas eleições para deputado e o financiamento público de campanha.

Em entrevista concedida à revista britânica The Economist, Lula explicitou esse desejo. O presidente admitiu que terminará o segundo mandato frustrado por não ter conseguido, junto ao Congresso, aprovar a reforma.

“Estou me comprometendo, quando eu não for mais presidente, a começar a convencer o meu próprio partido, porque eu acho que esta é a principal reforma que temos que fazer no Brasil, para que possamos [depois] fazer as demais reformas”, disse o presidente à revista The Economist.

Os pontos e as prioridades diferem, mas a discussão de uma reforma política está na agenda de ambos os candidatos à Presidência no segundo turno, Dilma Rousseff, do PT, e José Serra, do PSDB. O problema é que a modificação do sistema político é um tema recorrente no Congresso, que nunca chega a um bom termo, porque os políticos se mostram incapazes de alterar o atual sistema que já conhecem e do qual, em última instância, se beneficiam. Este ano, o assunto até chegou a ser apreciado na Câmara. Mas partidos oposicionistas como o PSDB, impediram o avanço nas deliberações. “Houve discussão, mas o texto foi rejeitado. Chegamos a um acordo [PT e DEM, um dos principais partidos de oposição] e queríamos aprovar o voto em lista e o financiamento público de campanha, mas o PSDB ficou contra”, lembrou ao Congresso em Foco o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP).

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